A estatal já conseguiu subir neste ano três degraus em um ranking de valor de mercado que reúne as grandes companhias do setor
Rio de Janeiro – Apesar de ainda carregar o título de petroleira mais endividada do mundo, a Petrobras
começa a reconquistar a confiança dos investidores e a reverter os
estragos deixados pelas denúncias de corrupção levantadas pela Operação
Lava-Jato, da Polícia Federal. Com uma alta de 168% em suas ações
acumulada no ano, a estatal já conseguiu subir neste ano três degraus em
um ranking de valor de mercado que reúne as grandes companhias do
setor. A estatal, que chegou a ocupar o terceiro lugar em maio de 2008,
hoje é a 8ª colocada. Em janeiro deste ano, seu pior momento, estava na
11ª posição.
O presidente da estatal, Pedro Parente, comemora a escalada, mas diz que “a parte mais difícil vem agora”.
“Executar um plano que inclui redução de custos e de investimento,
sem reduzir metas e com ganho de produtividade, além de um programa de
desinvestimento relevante, requer muita disciplina.”
O projeto da Petrobras é correr com os ajustes para alcançar, em
2018, os mesmos indicadores das petroleiras que possuem grau de
investimento, o selo de boa pagadora que perdeu em fevereiro de 2015. A
principal meta é a redução do comprometimento do caixa com pagamento de
dívida. A ideia é chegar a um indicador de alavancagem (relação entre
dívida líquida e geração de caixa) de até 2,5 em dois anos. Hoje, o
indicador está em torno de 5.
“Desejo o grau de investimento o mais cedo possível. A gente tem de
fazer a nossa parte e o ‘upgrade’ (elevação da nota de risco) vem como
consequência”, acrescentou Parente.
Risco
Na sexta-feira, 21/10, a agência de classificação de riscos Moody’s
elevou a nota da companhia, mas continuou indicando ao mercado que a
petroleira ainda não faz parte do seleto grupo de empresas isentas de
risco. A companhia continua com grau especulativo e precisa avançar
cinco degraus para recuperar o selo de boa pagadora.
Um dos pontos de alerta é a investigação criminal sobre a companhia
nos Estados Unidos, relacionada a corrupção e suborno. A ação afetará
negativamente o caixa da empresa em um montante que ainda não está
claro, destacou a Moody’s.
Também na sexta, a estatal anunciou que fechou acordo para encerrar
quatro ações individuais contra a empresa, no valor de US$ 353 milhões.
Essas ações tramitam em conjunto com outras 23, além de uma ação
coletiva, em Nova York.
A Petrobras colhe hoje os benefícios da melhora do mercado
internacional de petróleo. A empresa tem ganhos também com o resultado
da alta do real frente ao dólar, por causa do alto endividamento em
moeda americana. Para o mercado financeiro, também foram positivas as
mudanças regulatórias feitas pelo presidente Michel Temer, que promete
reduzir a interferência do governo em seus negócios.
A principal delas foi a que libera a operação do pré-sal a qualquer
petroleira, e não só à Petrobras. O mercado avalia que suas
reivindicações para o setor estão sendo contempladas por Parente, pelo
Executivo e pelo Congresso. O contentamento é indicado pela valorização
das ações da empresa.